É preciso Ousadia em Poços de Caldas – a cidade que subestima a sua juventude

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É preciso Ousadia em Poços de Caldas – a cidade que subestima a sua juventude

Falei em outro artigo sobre as dificuldades enfrentadas por mulheres em Poços de Caldas, veja no link. Depois disso, alguns jovens me procuraram para falar sobre os desafios que enfrentam também, devido à idade, algo que lido todos os dias com meus alunos, muitos deles acabam abandonando os estudos por falta de condições para continuarem na faculdade. Então, junto com o pessoal da Juventude do Cidadania23, batizada de OUSADIA23, decidimos pontuar algumas questões de Politicas Públicas para nossa juventude, afinal de contas, como diria Gonzaguinha “eu acredito é na rapaziada”!

O movimento Ousadia Juventude23 é nacional e tem alguns princípios como:

  • o combate à radicalidade na Política;
  • a transversalidade de Políticas que impactam na juventude;
  • o respeito à pluralidade de opiniões;
  • incentivo ao engajamento aos movimentos cívicos e independentes como Agora, Livres e RenovaBr;
  • Discussão e propositura ainda em 2020 de um Estatuto da Juventude
  • Apoio às candidaturas de jovens lideranças tanto nos movimentos estudantis quanto nas eleições municipais

Trazendo este contexto para a realidade de nosso Município nos faltam dados concretos (até porque ainda não há diagnóstico da infância e juventude de Poços), mas a quantidade de jovens de 15 a 29 anos de idade que não estuda nem trabalha é muito significativa e a média salarial desses jovens, que representam ¼ da população ativa, é de 1,1 salário mínimo apenas.

Outra questão preocupante é a violência e a falta de uma Política efetiva antidrogas. Não existe um sistema claro que trabalhe em rede desde a prevenção até o tratamento aliada à pratica de esporte, cultura e emprego. São pouquíssimos projetos para adolescentes, informação do próprio Conselho Municipal dos direitos da Criança e do adolescente. O sistema judicial não encontra vaga para encaminhar os menores infratores, que voltam às ruas, e o conselho tutelar às vezes não tem nem veículo para atender uma ocorrência.

Falando em conselho existe um Conselho Municipal de Juventude, quem sabe dizer o que produziu nos últimos anos? Parece que nem os conselheiros são tão jovens assim. Outro poder da cidade, o legislativo, propõe o Parlamento jovem há algum tempo, temos dois vereadores jovens muito atuantes, mas quantas foram as pautas e audiências públicas que de fato interessaram aos jovens?

O número de suicídios entre jovens cresce no mundo todo, é verdade, mas quais as causas disso? O que a cidade pode fazer para tentar amenizar esse sofrimento dos jovens?

Na área do emprego recentemente acabou o programa de guarda mirins do Lions, era uma escola e tanto para jovens aprenderem a trabalhar, desde muito cedo. Era uma complementação de renda para famílias e além de tudo tirava da ociosidade aqueles adolescentes que estariam vulneráveis a todo tipo de aliciamento. Precisamos resgatar um programa de jovens aprendizes. E temos que prepara-los para os desafios do mercado que será totalmente tecnológico, mutável e dinâmico.

Na área esportiva, quantos são os projetos e profissionais excelentes da cidade, que dependem quase exclusivamente de apoio da Prefeitura ou das próprias famílias para manterem suas atividades? Vi recentemente um projeto de jiujitsu do Professor Betinho, levado para dentro das escolas, lotando o ginásio, e os pais agradecendo com lágrimas nos olhos por ver que os filhos estavam aprendendo a ter mais disciplina e não tinham mais a preocupação de deixa-los sozinhos no contra turno. Essa deveria ser a função do Plano Municipal da Juventude, mas qual o orçamento hoje disponível para o Projeto? A secretaria de Educação dá conta de mais essa demanda?

Assim como o Esporte, acultura é outra política pública essencial, o jovem que tem oportunidade de criar se descobre, eleva sua autoestima, aprende a expressar seus sentimentos e emoções. Vemos que existe um problema crônico de público na cidade, são diversas atrações vazias, o que leva a crer que falta interlocução e divulgação, e talvez nem toda apresentação esteja orientada para o público correto. Sou super entusiasta das oficinas para a criançada, profissionais temos excelentes na cidade, mas será que eles estão tendo condições de ofertarem à população sem comprometer o próprio sustento de suas famílias?

Enfim, os casos de jovens que não encontram oportunidades para brincar, criar, produzir, aprender, realizar, inventar, encantar, laborar e até amar são inúmeros, numa cidade que já foi historicamente reconhecida por ser atrativa aos jovens e que nos últimos anos expandiu muito sua oferta de vagas para universitários recebendo estudantes de todo Brasil, os nossos jovens estão desiludidos e olham para a estação rodoviária como uma esperança de dias melhores.

Mas dá pra virar esse jogo, esse público que nunca foi prioritário na formulação de nossas políticas públicas está cada dia mais ousado, a boa ousadia, pedir licença e com todo respeito aos mais velhos devem pedir passagem e ser tomadores de decisões daquilo que lhes afeta.

Eu sou da Geração Coca-Cola, cresci em Brasília num momento onde a juventude clamava por espaço na Política e enfrentava a ditadura ao som de Legião Urbana. Agora é hora de darmos a vez aos “nativos digitais da geração Z” que buscamtransformar tudo,e não querem viver num país (e certamente numa cidade) em que poucos brigam por muito e muitos aguardam pelo quase nada.

Se você tem o desejo de discutir sobre esses assuntos e caminhar conosco, mande uma mensagem para o Aldrey, nosso secretário de Juventude (35)991501331, será muito bem-vindo(a)!

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