Dia Mundial de Luta contra Aids 2022: o preconceito ainda persiste
Hoje 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta contra a Aids, é uma data muito simbólica para fazermos uma reflexão sobre o “preconceito e a discriminação”, em 2022 são as maiores barreiras contra as pessoas que vivem com o vírus HIV.
Hoje, por coincidência faço 1 ano de Assistência Farmacêutica do IST/AIDS municipal e as palavras preconceito e discriminação são as que mais ouço no setor, que me faz refleti como nós profissionais de saúde podemos pensar em políticas públicas para diminuir este estigma. Principalmente depois de 4 anos de um Governo que falava “paciente com HIV é um custo”. Urgente pensarmos nisto.
Sim isto mesmo! Após 40 anos do início da epidemia da AIDS, existem estigma e discriminação relacionados com o HIV, principalmente no trabalho, fazendo com que muitas pessoas deixem de fazer o tratamento para não serem visto entrando no setor de saude, ou mesmo deixarem de tomar doses de COVID para que quando entregassem as carteirinhas de vacinação no trabalho, não fossem perguntados os motivos pelos quais estão com o calendário vacinal diferente (pessoas com comorbidades).
E qual são as consequências? Muitas pessoas ficam com medo de procurar por informações, serviços e métodos que reduzam o risco e de adotar comportamentos mais seguros com receio de que sejam levantadas suspeitas em relação ao seu estado sorológico. Eu presenciei várias vezes estas situações. Uma sensação de indignação e de impotência.
Um estudo da OIT, concluiu que as atitudes estigmatizantes e discriminatórias são alimentadas por uma falta de conhecimento sobre a transmissão do HIV. Os mitos e conceitos errados persistem, contribuindo para o estigma e a discriminação. É assustador que os mitos e as ideias falsas continuem tão generalizados. Muitos relacionam, o fato do vírus ser ligado a uma parcela que desvia do padrão heteronormativo.
E os resultados estão nos dados divulgados pela ONU, um aumento na prevalência da doença em 2022. Onde 0,3% da população entre 15 e 49 anos estava infectada pelo vírus causador da Aids; no ano passado, era 0,6% e um dos principais empecilhos no combate à epidemia, são diagnóstico, adequado apoio, à assistência e ao tratamento da Aids.
Em pensar que o Brasil possui uma das melhores políticas públicas de combate ao HIV no mundo, sendo referência mundial, falha na construção de uma política do direito de viver e do exercício da sexualidade do portador.
Por isto discutir preconceito e discriminação é urgente e diminuir as desigualdades de acesso a tratamento e diagnóstico. As campanhas precisam ser contínuas e não apenas uma vez por ano, por ocasião do Dia Mundial da AIDS.
“Pessoas que vivem com o HIV continuarão a ser quem eram antes do HIV, independentemente disso. As que eram boas pessoas continuarão a ser boas pessoas, e o mesmo vale para as que não eram. Independentemente de viverem ou não com o HIV, as pessoas continuam a ser seres humanos. Elas ainda têm sentimentos: amam, sofrem, choram e riem. O HIV não mudou fundamentalmente o meu jeito de viver “ ( CAZU- UNAIDS)
Dra Yula de Lima Merola: Pesquisadora de Pós Doutorado da Unifal e Especialista em Gestão e Liderança Pública