Preconceito e discriminação afetam diagnóstico do HIV/AIDS
O estigma e a discriminação estão entre os principais obstáculos para a prevenção, diagnóstico e tratamento em relação ao HIV e prejudicam os esforços no enfrentamento a epidemia do HIV. Pois este mesmo preconceito traz barreiras para que as pessoas procurem por informações, serviços e métodos que reduzam o risco de infecção e ao mesmo tempo adotem comportamentos mais seguros com receio de que sejam levantadas suspeitas em relação ao seu estado sorológico.
E porque isto acontece? Mesmo depois de mais 40 anos dos primeiros casos de HIV no país, as pessoas relacionam HIV com promiscuidade e homens que fazem sexo com homens e usuários de drogas injetáveis. Mas hoje o HIV se espalhou entre homens, mulheres, jovens, idosos, crianças, usuários de drogas ou não. Enfim, por toda a população, em qualquer tipo de pessoa, independentemente de sexo, raça, opção sexual, condição econômica ou nacionalidade.
A maioria das pessoas já têm o conhecimento de que o HIV não tem preferência por um grupo social específico, estando todos vulneráveis à infecção. Contudo, ainda existe um grande preconceito com os indivíduos que vivem com o HIV, levando-os anão se sentir confortáveis para falar sobre sua soropositividade.
O preconceito contra pessoas que vivem com HIV é tanto que a discriminação foi definida como crime através da Lei n° 12.984, de 2014, e pode levar à prisão por 1 a 4 anos e multa. O estigma faz também com que o tema não seja debatido em profundidade nas escolas. O Ministério da Educação, que deveria garantir que as escolas falassem sobre orientação sexual e gênero, retirou do documento da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) trechos que falavam sobre o respeito a orientação sexual dos demais. O Plano Nacional de Educação (PNE) foi aprovado pelo Congresso sem o trecho que fala sobre gênero.
Assim, o estigma e a discriminação enfraquecem a possibilidade de indivíduos e comunidades de se protegerem do HIV e de se manterem saudáveis caso já estejam vivendo com o vírus.
Não há fundamento algum em estigmatizar pessoas que vivem com o HIV. Esse vírus não é transmitido por apertos de mãos, abraços, nem mesmo pela saliva ou lágrimas. Além disso, o preconceito sobre o HIV/Aids pode interferir no diagnóstico, ou na busca e adesão ao tratamento, uma vez que os indivíduos têm medo do que a sociedade irá pensar deles.
É uma condição médica como muitas outras existentes. Obviamente, todos as medidas devem ser tomadas para evitar a transmissão do vírus. Mas estigmatizar as pessoas que convivem com ele certamente não é uma delas. Evite o HIV. Combata o preconceito.
Dra Yula Merola. Pesquisadora de Pós-Doutorado da Unifal, Especialista em Gestão Pública e Liderança Pública