Apenas 2,3% dos cursos a distância alcançam nota máxima: É hora de reformular sistema de ensino a distância?
O Ministério da Educação divulgou as notas do ENADE 2021 e pela primeira vez, os cursos de graduação a distância superaram o número de alunos do sistema presencial. O ENADE é uma ferramenta de avaliação dos cursos superiores que também ranqueia as instituições participantes em diferentes faixas de notas, de acordo com o desempenho dos inscritos.
Em 2021, dentre os cursos presenciais, 6,2% alcançaram a nota máxima e dos cursos EaD, este percentual foi de 2,3%. Como se sabe, o diploma universitário abre caminho para melhorias salariais e de emprego, o que só faz crescer a demanda por acesso à universidade. Mas precisamos debater a qualidade deste ensino.
Muitos especialistas relatam que este resultado foi o reflexo do período mais duro das nossas vidas, a pandemia e que muitos alunos que trabalham e estudam preferem esta modalidade de ensino. Não sou contra o ensino a distância, temos a necessidade de se democratizar o acesso à universidade, mas sem critérios? Não podemos chamar de ensino de qualidade. Mas a forma como tem ocorrido sua expansão, favorecendo o aumento no número de vagas, é uma inconsequência
É urgente a necessidade de reorganização desses cursos para que eles possam proporcionar reais condições de aprendizado, temos que acompanhar o mundo e não ficar de fora do desenvolvimento, mas também precisamos entender as nossas desigualdades e nossas diferenças geográficas e regionais.
Mas a qualidade do ensino a distância não se restringe à qualificação dos profissionais, depende da infra-estrutura, da qualidade da internet, se os estudantes têm acesso garantido ao computador e à rede, e se os professores estão capacitados para o método a distância. Mais do que nunca, é dever do MEC aperfeiçoar os mecanismos de regulação para garantir a qualidade do ensino superior a distância.
Dra Yula de Lima Merola: Pesquisadora de Pós Doutorado da Unifal e Especialista em Gestão e Liderança Pública