Crise na Saúde com cortes no Orçamento: Quais os impactos na saúde da população?
Em 2020 até o momento o nosso SUS, foi resiliente e vacinou em torno de 170 milhões de pessoas e ganhou relevância pela sociedade. E em 2022, as campanhas eleitorais falam sobre o SUS, mas pouco compreendem na verdade o que é o SUS.
O SUS é muito mais que diagnóstico e tratamento de doenças. O SUS está no nosso cotidiano, no registro dos medicamentos, nos alimentos, no restaurante.
Mesmo sabendo da importância e sua abrangência sofreu redução de 20%, no seu orçamento para 2023, mas ainda com demandas reprimidas dos dois últimos anos e as necessidades adicionais da pandemia – incluindo testagem, vacinação contra a covid-19, vigilância de casos, tratamento de doentes e atendimento a pacientes com sequelas da covid longa. Não há como manter um sistema único de saúde como o nosso, retirando a cada ano mais recurso.
Quais serão os impactos? Muitos e gravíssimos. De acordo com especialista poderá ocorrer aumento na Mortalidade Infantil e Geral, bem como aumento das internações devido à falta de acesso a medicamentos ou assistência a gestante entre outras consequência. Foram cortados recursos de 12 Programas de Saúde em 2022, entre eles: distribuição de medicamentos para tratamento de aids, infecções sexualmente transmissíveis e hepatites virais, farmácia popular, rede cegonha entre outros. Além disto os cortes resultaram em redução do número de profissionais, fechamento de unidades de atendimento, perda de efetividade de programas e aumento da incidência e prevalência de várias doenças. E com a crise econômica se agravando, muitas pessoas irão deixar de pagar seus planos privados e consequentemente aumenta a demanda no serviço público
Resumindo, trará graves consequências sobre as condições de saúde da população. Todos os agentes políticos falam da importância do SUS, mas na prática observamos uma clara mudança de prioridade, na qual as questões relacionadas aos direitos de cidadania, saúde, seguridade, educação… não merecem mais atenção por parte dos agentes políticos.
Isso é uma tragédia anunciada num país muito desigual, e o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo.
Sabemos o que SUS tem problemas, mas não é fazendo cortes ou “privatizando a saúde” que iremos resolver estes problemas. O necessário seria investir para corrigir essas falhas, mas estamos agravando esses problemas.
Os políticos municipais, federais e estaduais não têm muita coragem, e cada um joga a culpa no outro. Nenhum deles tem coragem de fechar um hospital, cortar a lista de medicamentos ou fechar programas devido ao impacto político. O que fazem? Desculpa que não veio verba ou determinação de órgão superior
Senão lutarmos por um financiamento para o SUS, nesse momento, é vital. Se a sociedade brasileira e os profissionais de saúde não defenderem o SUS, ele fica muito mais ameaçado.
Dra Yula de Lima Merola: Pesquisadora de Pós Doutorado da Unifal e Especialista em Gestão e Liderança Pública