Saúde pública em risco: Agrotóxicos e seus impactos na saúde humana e ambiental
Saúde pública em risco: Agrotóxicos e seus impactos na saúde humana e ambiental
No dia 09/02/2022 a Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que flexibiliza o controle de agrotóxicos no Brasil. E não foi surpresa que a maioria dos deputados apoiou a mudança – 301 contra 150.
Esta PL vem sendo debatida desde 2016, mas, por ter sofrido alterações recentes, terá agora de voltar ao Senado para uma nova avaliação. Como todos viram este projeto é alvo de críticas por fragilizar ainda mais uma legislação já considerada fraca por especialistas e além disto fragilizando ainda mais a fiscalização da Anvisa, órgão fiscalizador responsável por monitorar produtos que afetam a saúde humana.
Estamos vivendo um retrocesso, o Brasil, líder do ranking mundial de consumo de agrotóxico, que estudos comprovam que causam malefícios para a saúde humana e ambiental. O INCA destaca que a liberação do uso de sementes transgênicas no Brasil foi uma das responsáveis por colocar o país no primeiro lugar do ranking de consumo de agrotóxicos, uma vez que o cultivo dessas sementes geneticamente modificadas exigem o uso de grandes quantidades destes produtos
Vale lembrar que a presença de resíduos de agrotóxicos não ocorre apenas em alimentos in natura, mas também em muitos produtos alimentícios processados, por isto a preocupação e o combate ao uso dos agrotóxicos, que contamina todas as fontes de recursos vitais, incluindo alimentos, solos, águas, leite materno e ar.
E não podemos deixar de citar que o Brasil ainda realiza pulverizações aéreas, que ocasionam dispersão pelo ambiente, contaminando áreas e atingindo populações. E ainda, o fato de o Brasil permitir o uso de agrotóxicos já proibidos em outros países.
E qual é o impacto na saúde da população? Pesquisadores de diversas instituições tem evidenciado a presença dessas substâncias em amostras de sangue humano, no leite materno e resíduos presentes em alimentos consumidos pela população em geral, apontando a possibilidade de ocorrência de anomalias congênitas, de câncer, de doenças mentais, de disfunções na reprodutividade humana relacionadas ao uso de agrotóxicos.
Sabemos que é legítimo querer ganhos de produtividade, mas, à medida que se facilita o registro de produtos que podem afetar a saúde, seria importante termos incentivo à produção ecológica e orgânica. Sendo fundamental o aumento da fiscalização no uso dessas substâncias e uma assistência técnica qualificada no momento da aplicação nas propriedades
Dra Yula de Lima Merola: Pesquisadora de Pós Doutorado da Unifal e Especialista em Gestão e Liderança Pública