Vacinas Anti-HIV/Aids: um dos grandes desafios da medicina moderna
A Aids foi descoberta na década de 1980, mas até hoje não existe uma vacina que consiga vencer a doença. A razão para essa dificuldade é a alta capacidade de mutação do vírus HIV, muito maior que a do coronavírus e a do influenza, por exemplo .
E a cada ano observamos o aumento da epidemia de HIV/Aids no Brasil — os casos em jovens de 15 a 24 anos, por exemplo, cresceram 85% nos últimos dez anos —, e dinate disto aumentam também os esforços da comunidade científica para multiplicar os meios de prevenção
A existência de pesquisas para uma vacina preventiva anti-HIV que pode levar à erradicação da AIDS, como já aconteceu com a varíola, será um grande avanço na ciência. Para isso, deve ser capaz de produzir uma reação no sistema imunitário suficiente para neutralizar, eliminar ou controlar o HIV.
A vacina pode ser preventiva, para as pessoas sem HIV. Nesse caso, ao entrar em contato com o HIV, o organismo já teria uma resposta imunitária para controlar o vírus. As vacinas contra a varíola ou contra a pólio são exemplos bem-sucedidos. Ela também poderia ser terapêutica, para as pessoas com HIV, com o objetivo de neutralizar o HIV após reação do sistema imunitário. Em Recife houve a pesquisa de uma vacina terapêutica.
Mais de 60 candidatas já foram experimentadas, seja em Fase I ou II (antes do teste em larga escala, com muitas pessoas). Já houve duas pesquisas de Fase III na Tailândia e nos Estados Unidos, envolvendo 7.500 voluntários, que chegaram a resultados negativos. Mas mesmo assim muito se aprendeu com estes testes.
No Brasil há centros nacionais de pesquisas de vacinas anti-HIV em Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo.
Mas estamos perto de uma vacina?
Ainda não, mas estamos mais perto do que jamais estivemos, porque agora temos um melhor entendimento de como o anticorpo funciona. Se ele for bem-sucedido, isso vai nos dar também informações sobre como elaborar uma vacina eficiente. Termos o anticorpo já é um grande passo nisso.
Mas apenas o contínuo investimento e a perseverança na pesquisa científica transformarão a cura em uma conquista que ajudará no tratamento de pessoas que vivem com o HIV e no enfrentamento da epidemia.
Dra Yula Merola. Pesquisadora de Pós-Doutorado da Unifal, Especialista em Gestão Pública e Liderança Pública