Coronavírus no transporte público: quais os riscos reais de contágio?
Coronavírus no transporte público: quais os riscos reais de contágio?
Esta semana o debate nas redes sociais foram o transporte público lotado e em número reduzido e as novas recomendações do Comitê de Saúde de Poços de Caldas devido aumento do número de casos de COVID-19 em Poços de Caldas.
Então…. Nas recomendações pedem “Evite aglomerações”. Mas quem depende do transporte público, como faz?
Medo do contágio e a necessidade de trabalhar. Como se proteger se não há condições de distanciamento no transporte coletivo? Como evitar aglomeração se há um número excessivo de usuários nos veículos que seguem lotados? Como fugir do risco se a única alternativa de deslocamento é essa? Tais dilemas, são relatados por especialistas em saúde mundo afora, em Poços de Caldas são impasses reais no cotidiano de inúmeros passageiros em meio à pandemia do coronavírus. Na normalidade dentro da rotina já era complicado. Imagine agora, com a pandemia. Com a redução da frota é impossível se sentir seguro.
De acordo com os epidemiologistas “transportes cheios são um retrato de que falta articulação e organização por parte do poder público e das concessionárias na retomada das atividades” e que adianta fazer novas regras se o próprio poder público não está seguindo? Não se esqueçam: Transporte Público é de responsabilidade do poder público. E sabemos que o risco de contágio é maior em transportes públicos com excesso de passageiros e usar o transporte público e se expor mais têm cinco vezes mais chance de se contaminar do que as pessoas que estão fazendo home office e saindo apenas para atividades essenciais.
De acordo com Rafael Calabria, coordenador de mobilidade urbana do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor “A lotação contraria as recomendações de distanciamento social, e impacta principalmente a população de mais baixa renda e mais vulnerável que são a maioria dos usuários de transportes públicos nas cidades”.
Não sou contra a flexibilização sempre falei isto, mas temos que trabalhar com as evidências científicas, coisas que não está sendo feita. Qual é a dificuldade de trabalhar junto com a CIÊNCIA?
A ciência já mostrou que para evitar que a população que usa transporte público fique vulnerável aos riscos de transmissão, precisa flexibilizar os horários de entrada e saída das pessoas no serviço e ao aumento da oferta de ônibus e fazer um bom controle de vigilância epidemiológica. Não adianta fazer marcação no chão do ônibus se não tiver orientação e fiscalização da manutenção de janelas abertas durante as viagens, realização de viagens somente com passageiros sentados e com máscaras; instalação de equipamentos com álcool em gel dentro dos veículos; e a higienização dos transportes a cada viagem
O órgão de transporte deve ajustar a frota e a quantidade de viagens necessárias para garantir que não tenha lotações nos ônibus. É preciso prever uma frequência maior do que tínhamos antes da pandemia, quando as lotações já eram muito frequentes
E a pergunta que fica: Como as pessoas podem fazer exigências para melhorar a situação? Como elas devem questionar? É importante que elas não tolerem as aglomerações. Sempre que encontrarem ônibus lotados e se sentirem inseguras devem reclamar ao órgão de transporte que está usando ou para o Ministério Público.
O que estamos observando que está sendo ignorado a participação e escuta dos usuários neste processo. A crítica, avaliação e reclamação deles poderia ajudar o órgão a entender onde há mais demanda, e onde ainda precisa melhorar. Falta muita vontade política para coordenar este serviço com a avaliação do usuário e a qualidade que ele precisa.
Yula Merola – Farmacêutica-Bioquímica e Doutora em Ciências. Empreendedora Cívica da RAPS, Lider do Movimento Acredito, RenovaBR, membro da Associação Poços Sustentável-APS, Movimento Lixo e Cidadania.