Efeito Anitta: Jovens evitam falar de política com medo de cancelamento
Efeito Anitta: Jovens evitam falar de política com medo de cancelamento
Em janeiro de 2022, o IPEC divulgou pesquisa onde que 60% dos jovens entre 16 e 34 anos preferem não discutir política nas redes sociais para não serem cancelados, por causa da polarização e do radicalismo que envolve o tema. Os pesquisadores têm chamado esse comportamento de “efeito Anitta”, que é o receio de ser alvo do mesmo tipo de “cancelamento” sofrido pela cantora pop em meados de 2020, quando participou de uma série de lives sobre política. A palavra “cancelamento” quer dizer punir a pessoa por algo que ela tenha dito ou compartilhado em seus perfis, e que despertou reprovação ou repúdio em outros indivíduos.
Mas, se não expressa suas opiniões políticas nas redes, onde se manifesta a parcela da população de 16 a 34 anos, que representa um terço do eleitorado? Eles preferem discutir o assunto na escola, nas igrejas e em festas do que nas redes sociais. E são nestes espaços que os jovens estão tentando buscar engajar politicamente, mesmo que não seja de uma maneira “institucionalizada”, sob a forma de filiação a alguma entidade.
Os espaços que as gerações de 80 e 90 tinham para formação politica infelizmente foram desmobilizados, estamos falando dos grêmios estudantis, dos movimentos estudantis e da juventude dos partidos
Outro fato apresentando na pesquisa, sobre o posicionamento dos jovens e o compromisso de participar das eleições de 2022. O levantamento do IPEC, indica que 82% do grupo com até 18 anos pretende tirar o título de eleitor para votar na próxima eleição. A maior parcela (29%) acredita que “o momento político é preocupante”.
De acordo com o pesquisador Márcio Black, considera que os dados refletem a desigualdade educacional no Brasil. “Hoje, temos um tipo de escola que não forma para a cidadania”. Não estamos sendo capazes de articular novos espaços
E os governantes e políticos com ou sem cargos recorrem aos jovens na busca pelo voto, mas não se esforçam para que eles realmente ingressem nesse campo.
Aqui fica a dica: O brasileiro tem de começar a estudar e gostar de política não por obrigação, mas pela necessidade de saber o seu futuro
Dra Yula de Lima Merola: Pesquisadora de Pós Doutorado da Unifal e Especialista em Gestão e Liderança Pública